Mudamos!

17 de Novembro de 2013

Frente da Casa!

Frente da Casa!

Muito material reciclado, cimento e mão de obra depois…

 

No dia 14 de Novembro entramos para a Casa Orgânica, passamos a morar nela, mesmo estando em obra, pois resolvemos que estando dentro dela, vamos fazendo aos poucos cada ambiente.

Nossa maior dificuldade nesse momento está sendo conseguir mão de obra, ainda mais estando próximo ao final do ano, todos querem arrumar, construir ou mesmo reformar suas casas. Como estamos em uma zona rural, é difícil conseguir quem queira trabalhar, além disso, como a Casa Orgânica é diferente algumas pessoas acham que não saberão fazer o que pedimos.

O funcionário que está conosco a mais de anos, tem feito muitas coisas, algumas com erros e outras bem feitas. Ele está aprendendo e também já aprendeu muito com essa obra.

Entramos e agora para ficar!

Nosso primeiro dia e noite a “bordo” da nossa Casa Orgânica, que parece um barco em terra, foram cheio de emoções, senti um aperto no coração e muita alegria, pois estamos realizando mais um sonho que nasceu em 1991 no Japão e agora está se concretizando. Yuri também ficou emocionado, ainda mais pelo projeto que ele desenhou e foi criando em diversos pedaços de papéis durante as viagens, até mesmo enquanto eu dirigia ele ia rabiscando, pensando e calculando como fazer. Cada pneu, garrafa, latinha e outros itens, foram muito bem pensados antes de colocar. Olhar para essas paredes e imaginar que estamos dentro é muito emocionante!

Entramos na casa sem torneira na pia, chuveiro e vaso sanitário, estamos usando de apoio o chalé onde morávamos que fica ao lado, aliás, muitas coisas estão por lá ainda, vamos tirando aos poucos, até para arrumarmos lugar, pois não temos armários para colocar as roupas e demais objetos. Para uma emergência colocamos um balde, em caso de aperto para ir ao banheiro…

Estamos dormindo no quarto amarelo, como estamos chamando, pois tem o quarto verde também, foi muito diferente, pois parece uma caverna, afinal as paredes feitas de pneus, ficam cheias de formas arredondadas!

O Quarto Amarelo!

O Quarto Amarelo!

Os dois quartos foram pintados com a tinta que preparamos, com terra, óleo de linhaça, cola branca, pigmento e água. Falta pintar praticamente toda a casa, só passamos selador em algumas paredes.

A casa está assim: garagem inacabada, essa será a primeira noite que deixaremos o carro aqui, pois as duas anteriores deixamos no chalé. Churrasqueira, sem pintura e inacabada, aliás, sem churrasqueira, apenas uma portátil, que já fizemos churrasco no sábado.

Nosso primeiro jantar!

Nosso primeiro jantar!

O tanque está sendo usado para lavar louças e higiene pessoal, só que o encanamento não está funcionando, então a água que sai do tanque vai para um balde que jogamos no canteiro. Ontem, dia 16, Yuri instalou o vaso sanitário, mas sem descarga, então a água que sai do tanque, que vai para o balde, é jogada no vaso sanitário. Estamos fazendo muitos exercícios, só de andar carregando o balde de água.

A sala está com a mesa e as cadeiras de palha que trouxemos ontem. A cozinha está sem torneira na pia, e a pia está com problemas no encanamento, por isso só podemos usar o tanque para a louça e lavar os alimentos. Yuri fez as instalações elétricas em toda a casa que está super bem iluminada. O encanamento também foi feito por ele.

Sala de TV e uma parte da sala !

Sala de TV e uma parte da sala !

A sala da TV está com o sofá de palha e o sofá cama. Já assistimos alguns filmes. Por sinal, antes de mudarmos, a TV por satélite foi o primeiro equipamento a ser instalado, ainda falta o telefone e internet.

O quarto verde virou o escritório do Yuri, que fica ao lado do banheiro que está ativo, só que sem chuveiro e sem portas, pois ainda não colocamos portas em nada. Hoje, domingo, Yuri colocou a descarga e a torneira na pia, agora podemos usar o banheiro normalmente.

Ontem, sábado, choveu muito e o quarto verde ficou inundado, tivemos que tirar os equipamentos correndo. Jorrava água pelo teto, víamos o teto de garrafas plásticas com água escorrendo, tive que puxar a água com rodo, de tanto que encheu. Tiveram outros vazamentos, na sala, no quarto e no corredor próximo a oficina. Foi muito bom chover bastante, pois assim vimos todas as goteiras e que tudo tem solução. Na terça, quando o os rapazes vierem irão arrumar primeiro os vazamentos. Amanhã é feriado antecipado, dia 20 de Novembro, Consciência Negra.

Esses defeitos aconteceram, pois nem sempre Yuri estava com o pessoal durante a obra, e acabaram fazendo como “achavam” e não com foram orientados, por isso é muito importante estarmos fiscalizando sempre.

Ao lado do quarto amarelo, será um banheiro, mas resolvemos transformar em closet, colocamos algumas prateleiras e iremos melhorar aos poucos. O próximo cômodo, será outro banheiro, que agora virou o depósito e aí vem à oficina, onde estão todas as ferramentas bagunçadas ainda. Aos poucos vamos organizando.

Estou nesse momento no meu futuro escritório, que é no segundo andar, no mezanino.

A escada que dá acesso ao escritório não está pronta. Uma parte é de pneus e a outra de ferro com madeira. Yuri colocou hoje a madeira, que não está presa, por isso tenho que subir e descer com muito cuidado.

Vista da escada sem as madeiras!

Vista da escada sem as madeiras!

A porta e a janela de cima que fica para o teto verde está fechada com plástico, sem vidros e as portas que ficam atrás que tem acesso ao nosso futuro quarto e ao escritório do Yuri, estão fechadas com tapume, estou com meu escritório praticamente a mercê das pessoas, sorte que aqui é seguro. No meio será um banheiro.

As janelas que ficam em cima do teto, pois não temos janelas laterais, apenas na cozinha, estão fechadas com madeira e pedaços de telhas plásticas, pois os vidros ainda não chegaram. A metade da janela da cozinha está com vidro e a outra sem, sorte que não está tão frio.

A porta e janela do segundo andar. Detalhes das garrafas que são pontos de luz durante o dia dentro e a noite fora!

A porta e janela do segundo andar. Detalhes das garrafas que são pontos de luz durante o dia dentro e a noite fora!

O teto inteiro está aparente, pois nada tem forro, assim podemos ver as garrafas, o único inconveniente é que quando caminhamos no teto, algumas sujeirinhas caem.

A entrada com a porta de ferro e a bananeira já bem crescida!

A entrada com a porta de ferro e a bananeira já bem crescida!

Devagar e sempre, pois estaremos arrumando a casa, por um bom tempo, temos muito que fazer, e está muito difícil conseguir mão de obra pelo preço que podemos pagar, mas a cada dia, será uma nova conquista, e aos poucos vamos colocando tudo em ordem e curtindo muito.

Segunda da latinha

A segunda-feira começou com a colocação de latinhas em vários locais da Casa Orgânica. Final de semana acabou e resultaram várias latinhas.

As latinhas estão sendo colocadas onde será o box do chuveiro do banheiro próximo a cozinha.

Também está sendo feita a muretinha da torneira e futura ducha fria com as latinhas do final de semana.

Esta é a mureta da floreira, onde fica um dos filtros biológicos.

Uma das janelas, ou gaiutas, está sendo  preparada.

O reboco do quarto próximo a cozinha está quase finalizado.

O reboco das paredes da sala devem ficar prontos até o final dessa semana.

Visita do fotógrafo Renato Soares

Neste feriado de Páscoa, a construção da Casa Orgânica recebeu a visita do fotógrafo profissional Renato Soares que fotografou vários detalhes. Pudemos ver de outro ângulo as dimensões do projeto.

As fotos do Renato serão publicadas no livro sobre a casa, que será lançado em breve.

Como o feriado foi movimentado no condomínio, os amigos e vizinhos deixaram muitas latinhas e garrafas que estão servindo de ” tijolos” na obra.

Começamos a fazer uma mureta no quintal, fechando o filtro biológico para as águas negras. Após atingir a altura desejada, o filtro, que já está cheio de pedras e areia, será completado com terra e nutrientes, e receberá as plantas, como bananeiras, para filtrar os resíduos dos vasos sanitários. O esgoto da casa morre aqui. Somente se houver muito excesso, como no caso de uma festa onde os banheiros sejam muito usados, a água negra que sobrar das bactérias e das plantas, vai para um sumidouro, já limpa novamente. Assim o solo não será contaminado usando este sistema de esgoto biológico.

Interessante pensar que as latinhas de cerveja, que ao serem esvaziadas pelos consumidores, inevitavelmente terão seus produtos despejados nos vasos sanitários, contribuem neste caso para um filtro biológico que ajuda a manter a natureza limpa ao redor da Casa Orgânica… Isto é que é reciclagem de resíduos sólidos (e líquidos).

Montagem da laje de garrafas pet da Casa Orgânica

Um terço do teto do primeiro piso da Casa Orgânica será uma laje de concreto CP3, o concreto ecológico, pois  em sua composição é usado rejeitos da indústria siderúrgica. O restante do teto é uma mistura de placas recicladas de caixas de leite, com fibra de vidro e resina epóxi, que lembra mais o convés de um barco. Desenvolvemos um método inédito de unir duas garrafas de maneira rápida e prática, cujo resultado substitui o isopor ou lajota no preenchimento das vigotas.

Ao usar vigota H5, a montagem é extremamente prática e rápida, bastando encaixar as garrafas, que neste método, passam a ter dois gargalos. O conjunto é extremamente forte, pois qualquer criança pode quebrar uma placa de isopor ou lajota cerâmica apenas pisando nela. Já uma garrafa Pet com ar, nem o homem forte do circo consegue romper…

O resultado é um mar de pet, encaixadas e prontas para receber a grade de ferro que reforça o concreto. Abaixo das garrafas passamos a usar plástico preto fino, para ajudar a fechar as pequenas brechas e evitar que o concreto vaze.

Ao colocar o ferro, as garrafas ficam mais presas ainda a estrutura.

Outra ação inédita da Casa Orgânica é substituir as pranchas de madeira, comumente usadas para selar a área que vai receber a laje, por latinhas de refrigerante e cerveja. As madeiras não podem ser usadas depois, pois como concreto fica preso nelas ao queimá-las toxinas são liberadas no meio-ambiente. Já as latinhas ficam permanentemente no lugar, e até economizam concreto, pois cada 3 latinhas postas ocupam 900ml de concreto.

O Brasil é campeão mundial de reciclagem de latinhas de alumínio, título de orgulha muita gente. Mas se parar para pensar, ao reciclar as latinhas, muita energia e água é usada. Não seria mais inteligente ter embalagens mais eficientes, como retornáveis de vidro? Neste sistema, nenhuma energia ou água extra é usada, e o muro fica tão forte quanto o de tijolo. Já tentou amassar o fundo e tampa circular de uma latinha? É impossível com as mãos…