Viver de forma sustentável

Esse foi o tema central da palestra feita pelo casal de velejadores Yuri e Vera Sanada na UEL, organizada por Mirelia Beatriz Kolarovic.

A Universidade Estadual de Londrina (UEL) recebeu, no dia 11 de maio, o biólogo Yuri Sanada e sua esposa, a publicitária Vera Sanada. O casal ministrou a palestra “Planejamento para uma vida sustentável” no Anfiteatro do Centro de Estudos Sociais Aplicados (CESA).

Os dois passaram por mais de 50 países, moraram a bordo de um veleiro por 12 anos, abriram uma escola de mergulho para estrangeiros no Japão, escreveram seis livros e produziram o Festival de Cinema Brasileiro no Japão (Nipo Cine Brasil), que já está em sua quarta edição.

Além de contar experiências vividas nesses anos de aventura ao mar, o casal destacou o projeto “Casa Orgânica”, a primeira casa totalmente sustentável do Brasil. O projeto teve início em 2008 e é resultado das observações que eles fizeram ao redor do mundo. Segundo Yuri Sanada, a ideia existe desde 2005, mas a aprovação do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) só veio dois anos depois.

“A casa é orgânica, pois realmente respira. Ela produz seu próprio oxigênio por meio de plantas que estarão em estufas internas”, afirma Vera Sanada. Ao invés de usar tijolos, as paredes são construídas a partir de pneus cheios de terra compactada. “Com isso, deixamos de queimar 100 árvores para a produção de tijolos”, acrescenta. De acordo com Vera, a vantagem da parede grossa é a garantia do isolamento térmico e acústico. Os vãos dos pneus são preenchidos com uma mistura de barro com palha e são encaixadas três latas de refrigerante por vão. Assim, os pneus são nivelados até formar uma parede quase reta.

O casal ainda explicou que cada cômodo terá uma clarabóia que permite a entrada de luz e saída do ar quente. A escada também é feita de pneus e é utilizado os de aro 14/15, pois possuem exatamente o tamanho de um degrau. O chão é semelhante à construção comum e é por onde passam a encanação e a fiação. A casa será autossuficiente de água e energia elétrica. Segundo Sanada, enquanto as construções brasileiras têm pelo menos 30% de desperdício, a casa orgânica reduz esse índice à zero.

A intenção é que ao finalizar a casa-modelo, os produtos resultantes sejam aplicados na construção de casas populares. “Por isso nosso objetivo é buscar materiais de baixo custo e acessíveis para que ela fique 30% mais barata que uma construção normal”, explica Yuri Sanada. Além disso, ele também destaca que a casa orgânica é uma solução para a indústria de pneus. “A indústria economiza dinheiro, pois para reciclar são gastos 50 centavos por pneu. Só no Brasil são jogados na natureza 50 milhões de pneu por ano”.

O biólogo ainda revelou que a resposta da população é satisfatória. “Entraram em contato conosco pessoas interessadas em fazer hotéis de convenção e um campo de pouso particular para 15 aviões com esse tipo de conceito. Um senhor quer levar esse projeto para a Bolívia com o intuito de construir casas desse tipo no deserto”, aponta Yuri Sanada.

Atualmente, Sanada está envolvido com o projeto “Expedição Fenícia” que tem a missão de navegar em torno da África com uma tripulação de diferentes nacionalidades, a bordo da réplica de um barco Fenício do ano de 600 antes de Cristo. “Ficamos sabendo em 2006 que um inglês estava fazendo um barco fenício que ia dar a volta na África. Entramos em contato com ele e hoje além de sócios da expedição, iremos produzir um documentário sobre a experiência”, conta. Desde dezembro do ano passado, imagens da viagem estão sendo veiculadas como série de reportagens pelo programa “Fantástico” da Rede Globo de Televisão. O casal também é consultor do programa “Globo Mar”.

Matéria publicada no site http://conexaociencia.wordpress.com
Edição: Beto Carlomagno
Reportagem: Karina Constâncio