Nossa previsão para realizar o projeto da Casa Orgânica era apenas um ano, mas a vida tem uma maneira estranha de mudar nossa linha do tempo.
Ficamos dois anos com a obra parada, pois tivemos que sair do país para outro projeto, a Phoenicia Expedition. Neste projeto de arqueologia naval, demos a volta no Continente Africano, a bordo de uma réplica fiel de navio fenício de 600 AC, com apoio do Museu Britânico, Universidade de Oxford, e Royal Geographical Society. Lançaremos o documentário da expedição em Londres, agora em final de maio.
Foi muito interessante, pois pudemos visitar lugares exóticos e inimagináveis, como a vila de Matmata, no deserto do Saara, onde 3 mil pessoas moram embaixo da terra, em casas de 800 anos de idade, que usam o mesmo princípio da Casa Orgânica para se manterem frescas o ano todo. Fomos a campo de refugiados da Somália, no Iêmen, ver como nosso processo poderia ajudar milhares de pessoas. Mesmo com muito material de construção em volta (lixo) eles vivem sob sol de 40 graus em tendas feitas com gravetos (comprados) e panos sobre suas cabeças, num calor insuportável.
Logo na primeira semana da retomada das obras, fizemos o fechamento da primeira parede, usando método tradicional de misturar palha seca, terra e areia. Interessante observar que nos dois anos parada, a obra não apresentou qualquer desgaste, e os pneus nem se mexeram, apesar das fortes chuvas.
O resultado é impressionante, e toda nossa área de serviço foi fechada em um dia de trabalho.
Esperamos que toda a casa seja fechada dentro de uma semana, logo após o teto ter sido montado.
Para que o Ibama considere este uma destinação oficial para pneus inservíveis, nenhum pneu pode estar a vista com a obra pronta.
Após este processo, pode-se aplicar argamassa para nivelar as paredes, ou deixar elas com relevo.
De fato depois de secas, não dá para ver nenhum pneu ou lata de alumínio. A parede fica a prova de fogo e com isolamento térmico e acústico excepcionais.
Acompanhe daqui para frente o progresso das obras.